quinta-feira, 20 de setembro de 2012

Homenagem a Alexandre Ferreira Souza


Nesta quarta-feira (19) fez um ano de seu falecimento e para homenagear será realizada uma missa na Catedral de São Pedro no dia 20 de setembro às 18 horas em Rio Grande, os familiares ficam gratos com a presença dos amigos e ex-clientes.



Nascido no dia 4 de janeiro de 1969, morador da periferia da cidade do Rio Grande, filho de Clarice Ferreira e Darci Souza, Alexandre foi um ótimo cabeleireiro e uma excelente rainha do Bloco Carnavalesco Marilú. Mesmo deixando de participar dos concursos há anos, sempre foi considerada a Musa, a Rainha da Marilú. E quem não conheceu Alexia de Campbell ou Alexia Bombom? Como queiram, sempre com o espírito defensor e protetor de Alexandre. Não teve filhos. Na verdade seus sobrinhos eram considerados seus filhos. Modesta parte eu e meus outros dois primos mais novos (Kemberlym e Thaylor) eramos o xodó do tio. Nosso cumprimento era uma mordidinha no nariz, estranho, mas a gente adorava.

Nunca negou suas raízes, vindo de família pobre e batalhadora sempre agradeceu aos quais o ensinaram o que era de seu ofício. Não teve vergonha de falar que havia estudado somente até a quarta ou sexta série (não lembro ao certo) do primário e que odiava português e matemática, as disciplinas fundamentais, em contraponto nunca incentivou para que desistíssemos de estudar. Acompanhou minha entrada e minhas dificuldades do primeiro ano do curso de Engenharia Civil da FURG (Universidade Federal do Rio Grande), mas quisera eu que ele soubesse que passei no vestibular de Arquitetura e Urbanismo da UFRGS (Universidade Federal do Rio Grande do Sul), curso este que sempre quis na universidade mais conceituada do estado.

Quem não lembra daquele Astra vermelho, com o nome de “moranguinho do nordeste”? Tenho a dizer que já passei por vergonhas naquele carro. Meu tio passava em semáforos no sinal vermelho, andava na contramão, fazia absurdos no trânsito, e nunca levou uma se quer multa por causa destas infrações, mas vou admitir que eu adorava tudo isso. Pessoas mais cheinhas e feias nas ruas eram chamadas de “feeeeeia”, “cão chupando manga”, entre outros. Muitos (as) devem ter escutado, mas sempre caímos na gargalhada.

Iniciava-se o ano e já vinham as funções do carnaval, era a criatividade para bolar e fazer suas fantasias. Adorava pedras, bijuterias grandiosas e, principalmente, tubos e pistolas de cola quente. Não era a toa que suas fantasias eram as mais elogiadas entre os participantes do bloco. Nunca deixou de participar da Escolha da Rainha da Marilú. Depois de deixar de concorrer, participava da banca de jurados mesmo sabendo que não teria uma outra rainha que o substituísse.

  • Escolha da Rainha da Marilú
Chegava o dia da Escolha da Rainha da Marilú, era uma função, ao final de seu expediente de trabalho ia correndo pra casa se arrumar para arrasar na passarela. 

Em 2010, foi último ano o qual fui acompanha-lo no evento. A produção em casa era tamanha, ajudei na montagem do look. Um soutien vermelho com pedras e uma saia super no improviso eram as peças que compunham o look da noite. Ao chegar no estádio Farydo Salomão (Praça Saraiva), onde é realizado o concurso de escolha da corte do bloco, a multidão gritara seu nome. Não tinha quem não conhecesse, parecia uma estrela na passarela.

Look da Noite


Já em 2011, não pude comparecer à Escolha da Rainha da Marilú, pois estava participando de outro evento, mas como sempre o look foi divino.











































  • Desfiles
Na passarela do samba do Rio Grande, sempre dava uma entrevista ou outra para as emissoras da cidade, pois a população ia a loucura com seu samba no pé. Já nos desfiles do Cassino, multidões para tirar fotos e fazer filmagens. Para acompanhar, sempre tinha a sobrinha presente nos desfiles. Mesmo sabendo que o bloco era para gays ("heteros" só na bateria), eu desfilava juntamente com meu tio no meio de todos(as). A organização do bloco não aceitava isso, mas ele sempre conseguia convencer, afinal, era o patrocinador. Não é a toa que nas bandeiras do bloco estão estampadas com uma imagem de "uma moça" sambando, referindo-se a ele. 


Outras imagens do carnaval




Nesta data tenho a declarar que sou daquelas que pareço durona, que não tenho sentimentos, que não tenho coração, mas só pareço! Ninguém sabe como sofro quando mexo nas coisas que eram dele ou quando me vem relances de boas lembranças. Minha "ficha" ainda não caiu, as vezes tenho a impressão que ele foi viajar. Então, uma viagem com ida e sem volta. Cada vez mais é difícil de aceitar que ele não esteja entre nós, mas tenho fé de que está num lugar muito melhor e que em mais ou menos dias vamos nos encontrar novamente. 

Sem muito mais o que dizer, tenho a agradecer o pouco tempo que passou pela minha vida e os lindos momentos de gargalhadas que me fizeram feliz. Cada vez mais me orgulho de ter sido a xodó e de ter ele não só como um tio, um ÍDOLO

* Agradeço aos amigos pelo envio da fotos. Veja as fotos que não foram publicadas, clique aqui.


Links

http://jovemolhar.blogspot.com.br/2011/09/corpo-de-alexandre-e-encontrado-dentro.html

http://jovemolhar.blogspot.com.br/2011/09/silicone-industrial-pode-ter-causado.html

http://wp.clicrbs.com.br/riogrande/2011/09/19/corpo-de-cabeleireiro-e-encontrado-dentro-de-salao-de-beleza/

http://www.calameo.com/books/000337975e139ba514e28